POLÍTICA: “A FORMA MAIS SUBLIME DA
FRATERNIDADE”
EIS A NOSSA VOCAÇÃO
Nicolau João Bakker1
INTRODUÇÃO
Quem
por primeiro afirmou que a política é “a forma mais sublime da fraternidade”
foi, parece-me, o papa Pio XI (†1939). Depois dele, quase todos os papas se
manifestaram da mesma forma. Qual a razão deste grande destaque dado à política
na fé cristã? É porque o cristianismo não é uma religião de louvor e adoração
apenas. É muito mais uma religião de “fazer a vontade do Pai que está nos
céus”. Não basta clamar “Senhor, Senhor”, disse Jesus (Mt 7,21). Mais correto
ainda seria dizer que a melhor forma de louvar e adorar é justamente a prática
de amar os nossos semelhantes, em especial os que vivem na prostração, no
sofrimento ou na opressão. É assim que ensinaram e agiram os profetas e o
próprio Jesus.
Qual o objetivo da política? Todas
as democracias ocidentais se baseiam, em última instância, no conceito grego de
“cidadania”: o direito e o dever dos cidadãos de cuidar da polis (cidade). Se
os gregos ainda excluíam desta cidadania as mulheres, os escravos e as classes
populares em geral, hoje as legislações modernas, ao menos em princípio,
concedem o direito de cidadania – o direito “político” – a todos os habitantes
do país. Todos podem e devem promover, do melhor modo possível, o bem de seu local
de moradia, de sua cidade e do seu país. Será que é diferente nos países não
ocidentais? Se formos olhar com atenção para a enorme variedade de culturas
africanas, asiáticas, ou mesmo para as nossas indígenas, vamos perceber que em
todas elas reina alguma forma de ”cidadania política”: quem governa deve
governar para o bem de todos e quem
1Nicolau
João Bakker é padre, religioso, Missionário do Verbo Divino (svd). É formado em
filosofia, teologia e ciências sociais, com pré-especialização em economia. Dedicou
a maior parte de sua vida à pastoral paroquial: no Vale do Ribeira, na
periferia paulista, e, ultimamente, em Diadema. Lecionou Teologia Pastoral no
ITESP. Atuou como educador popular no Centro de Direitos Humanos e Educação
Popular de Campo Limpo, São Paulo (CDHEP/CL). Foi vereador em Holambra SP, de
2001 a 2008. Nos últimos anos escreve regularmente nas revistas Vida Pastoral, REB, e Convergência.
é
governado deve levar em conta não apenas seus interesses pessoais, mas também
os interesses coletivos.
Fraternidade e cidadania são,
portanto, como que os dois lados da mesma moeda, ou então, são duas formas de
falar da mesma coisa. Nas instituições religiosas se fala em fraternidade, nas
instituições seculares em cidadania. Nenhuma coletividade humana deixa de ter alguma
configuração política onde interesses pessoais e coletivos são culturalmente
balanceados. A antropologia moderna ajuda a compreender isso melhor. Somos
claramente descendentes dos assim chamados “animais gregários”. Juntamo-nos em
grupos para lutar, juntos, por nossos interesses. Não apenas por interesses
mesquinhos, mas também por nossos sonhos e ideais, em fim, por tudo aquilo em
que acreditamos. A história da humanidade é uma história de lutas tribais,
guerras fratricidas e combates violentos para superar antagonismos de classe,
cor, gênero, nacionalidade e tantas outras coisas mais. Mas é também a história
das mãos que se unem para construir um futuro comum melhor, um futuro de paz,
justiça e fraternidade. Repare que cada um e cada uma de nós costuma fazer isso
em pequena escala, no lugar onde vivemos. Formamos grupos para tudo, na vizinhança,
no bairro, na escola, na Igreja, ou, simplesmente, com nossos companheiros e
companheiras de profissão, de esporte e lazer, ou de um hobby qualquer.
Conviver juntos e lutar por aquilo em que mais acreditamos é simplesmente da
nossa essência. É o sangue que corre nas nossas veias.
Cuidar do bem comum – da polis, isto
é, fazendo “política” - é, portanto, a “vocação” de todo ser humano. Neste
pequeno capítulo vamos analisar isso melhor, vendo em primeiro lugar qual o
conteúdo político da missão dos profetas e de Jesus; depois veremos como a
vocação política do ser humano se dá em sociedades tipicamente religiosas, ou seculares;
finalmente colocarei em destaque minha própria vocação política, como padre e
religioso, e a vocação política dos cristãos em geral.
I A VOCAÇÃO PROFÉTICA E SEU CONTEÚDO
POLÍTICO
Moisés
é um dos mais claros exemplos de como o profetismo, na história de Israel, está
inseparavelmente ligado ao contexto político em que se origina. Ao ler a passagem
da vocação e da missão de Moisés (Êx 3,1-22) não pode haver nenhuma dúvida quanto
a isso. Moisés se encontra no deserto, fugido e escondido do faraó do Egito,
quando o Deus dos antepassados apela a ele. O Deus que está acima de todos os
nomes, mas que “ouve os gemidos” dos escravizados, o chama (vocação = chamado)
a deixar sua covardia de lado e a libertar seus irmãos da escravidão. Um
chamado ao mesmo tempo religioso (crer) e político (agir). O que Deus pede é
algo humanamente impossível. Não existe pessoa mais poderosa do que o faraó do
Egito. Seu império depende dos escravos. A história, escrita séculos depois do
ocorrido, sem dúvida foi “enfeitada” de diversas formas, mas isso apenas
dramatiza ou ressalta a mensagem principal: Moisés, de fato, pela força da fé,
alcança o politicamente impossível. A partir deste fato histórico, a fé
judaica, cristã e islâmica nunca mais irá separar a fé de seu imperativo
libertador.
Samuel vive em outra época. A ameaça
da opressão agora vem dos filisteus. Os costumes tribais, a liberdade
conquistada, a equidade na partilha das terras, os governos autônomos das
lideranças tribais, e até a própria fé em JHWH estão em perigo. Percebendo a
força e o “sucesso” dos reinados à sua volta, o povo clama por algo igual.
Querem um rei, um rei que governe em nome de JHWH. Qual o problema? O que a
memória histórica guardou da missão profética de Samuel? Seria bom reler o que
disse o assessor bíblico do CEBI, do Regional Nordeste II da CNBB e da CRB, Dom
Sebastião Armando Gameleira Soares, no livro do curso de verão de 2016 (p. 63):
Samuel
é apresentado como o homem lúcido que, no seio da crise, faz ver o limite onde esbarram as soluções humanas, a
ambiguidade e a impossibilidade radical dos projetos humanos. Era preciso
escolher um rei como condição de sobrevivência. Só que essa solução seria ela
mesma o germe da “morte” e da tragédia do povo. Na verdade, reconhecer e
aceitar um poder sobre o povo é legitimar a opressão. E nada mais contrário à
fé javista (cf. Dt 17,14-20). Só JHWH é rei. E desse fundamental artigo de fé nasce
a luta pela liberdade e a vigilância subversiva sobre o poder (cf. 1Sm 8; Jz
8,22-27; 9,1-21; Dt 5,6-7).
Para
Samuel, como para todos os profetas, o verdadeiro culto a Deus é permitir que
JHWH governe. A missão religiosa é ao mesmo tempo política. Assim como muitos
outros “videntes” da época tribal, Samuel previu o quanto os reinados dos
homens ficariam devendo a JHWH por não darem atenção “aos gemidos do povo”.
O profeta Amós sentiu na pele os
desmandos dos reinados humanos. No século VIII a.C., o Reino do Norte, já,
politicamente, separado do Reino do Sul, vive um surto de prosperidade, O luxo,
na cidade de Samaria, se opõe à miséria entre a população camponesa. A política
do reinado, pressionada pelo poder dos assírios, se opõe frontalmente aos
compromissos da Aliança e aos mandamentos de JHWH. O vaqueiro e cultivador de
sicômoros, Amós, se sente tomado pelo Espírito de JHWH e se rebela. Acusa tanto
a tradição dos santuários de Israel quanto as tradições injustas da corte do
rei Jeroboão. Revoltado, anuncia seu fim. Por tudo isso é expulso do meio das
lideranças religiosas e políticas do santuário de Betel. O pequenino livrinho
de Amós é um forte grito contra uma falsa religiosidade e uma falsa política.
Não são apenas os dirigentes que erram por “amontoarem opressão e rapina em
seus palácios” (Am 3,10). Também o povo “multiplica os seus pecados” porque “de
manhã oferecem seus sacrifícios e ao terceiro dia seus dízimos; queimam pão
fermentado como sacrifício de louvor... mas não se voltaram a mim” (Am 4,4-6).
Todos devem praticar a justiça de JHWH que liberta os cativos e espoliados. É
esta a única política admissível e a única religiosidade aceitável.
Também Isaías, o maior de todos os
profetas antigos, se rebela contra a política demasiadamente humana dos
governantes. Em vez de confiarem em JHWH, confiam sempre nas suas alianças
estratégicas com as potências estrangeiras, para assim se defenderem da ameaça
crescente do grande império assírio. Por causa da infidelidade do povo a JHWH,
o Reino do Norte já foi tomado pelos assírios em 721 a.C. O futuro do Reino do
Sul também não é nada promissor. “Com efeito, Jerusalém tropeçou, Judá caiu,
porque suas palavras e seus atos são contra JHWH” (Is 3,8). Isaías aponta, com
realismo mordaz, para os abusos das elites que “juntam casa com casa, e
amontoam campo sobre campo”,... porém, “as casas serão reduzidas à ruína”... ”Ai
dos que madrugam cedo para correr atrás de bebidas fortes... mas para os feitos
de JHWH não têm um olhar sequer”... “Ai dos que absolvem o ímpio mediante suborno
e negam ao justo a sua justiça”... “Por esta razão... seus cadáveres jazem no meio
das ruas como lixo” (Is 5,8-25).. Também a religiosidade do povo, opina Isaías,
está equivocada. “Que me importam os vossos inúmeros sacrifícios?, diz JHWH.
Estou farto de holocausto de carneiros e da gordura de bezerros cevados...
Basta de trazer-me oferendas vãs... Ainda que multipliqueis a oração, não vos
ouvirei. Vossas mãos estão cheias de sangue... Fazei justiça ao órfão, defendei
a causa da viúva! Então, sim, poderemos discutir, diz JHWH” (Is 1,11-18). São idolátricas as religiões ritualistas e
alienantes. Mas, existe uma certeza: a justiça de Deus não falhará. porque,
algum dia, “um ramo sairá do tronco de Jessé... e a terra estará cheia do
conhecimento de JHWH” (Is 11,1-9). O mais “messiânico” de todos os profetas é
Isaías. Virá o dia em que o próprio JHWH irá reinar sobre a terra. Um
descendente de Davi fará reinar sobre a terra a paz e a justiça.
O povo aclamou Jesus como “o filho
de Davi”, e o próprio Jesus se apresentou em Nazaré como o novo Isaías: “O
Espírito de JHWH está sobre mim” (Is 61,1; Lc 4,18). Para Jesus, “completou-se
o tempo e o Reino de Deus está próximo” (Mc 1,15). Jesus pode e deve ser visto
como a mais perfeita expressão da tradição profética. Rejeita com ardor a falsa
religiosidade apresentada pelas lideranças religiosas do seu tempo. Observa não
querer mudar nem uma vírgula sequer da antiga Lei e dos Profetas, mas apenas
dar-lhes “pleno cumprimento”. A autêntica fidelidade a JHWH vai muito além do
que está sendo ensinado e praticado pelos escribas e fariseus. O que foi
ensinado pelos antigos deve ser superado pelo novo. Não basta não matar; é
preciso reconciliar-se com os adversários. Não basta não adulterar; é preciso
manter o coração purificado. Não basta não jurar, mas que o sim seja sempre sim
e o não não. Nada de olho por olho ou dente por dente; é preciso oferecer
também a face esquerda a quem bate na face direita. Em fim, é preciso amar até o
inimigo, e ser perfeito como o Pai celeste é perfeito (Mt 5,17-48). A vinda do
Reino de Deus requer uma mudança radical de mente, coração e alma. Os
discípulos de Jesus devem ser “a luz do mundo” (Mt 5,14), uma luz que deve
chegar a todas as nações (Mt 28,19). No final desta longa caminhada histórica,
JHWH reunirá as nações diante de si e fará o julgamento derradeiro. Acolherá em
seu Reino apenas “os que deram de comer a quem teve fome; deram de beber a quem
teve sede; vestiram a quem estava nu, e visitaram a quem estava doente e na
prisão” (Mt 25,35-39).
A fé perfeita requer ainda um novo
encaminhamento político. Na terra de Jesus, as autoridades religiosas eram
também as autoridades políticas. Uma falsa religiosidade leva a uma falsa
política. Jesus acusa as autoridades religiosas de sua terra, acobertadas pelos
72 membros do grande Conselho de Jerusalém, de temerem mais a Cézar (de Roma)
do que a JHWH. São “falsos profetas” (Mt 7,15); escribas sem autoridade (Mt
7,29); conhecidos como flageladores das sinagogas (Mt 10,17); matam o corpo mas
não podem matar a alma (Mt 10,28); salvaguardas da lei sabática (Mt 12, 1-14); blasfemadores
contra o Espírito (Mt 12,22-32); “raça de víboras” )Mt 12,34); geração má e
adúltera (Mt 12,39); ensinam apenas mandamentos humanos (Mt 15,1-9); são cegos
conduzindo cegos (Mt 15,14); não sabem interpretar os sinais dos tempos (Mt
16,3); o “fermento” dos fariseus e saduceus é perigoso (Mt 16,5-12); os anciãos
e os chefes dos sacerdotes são culpados de sua morte (Mt 16,21; 20,18); são eles
que vão fazer sofrer o Filho do Homem (Mt 17,9-13); eles fizeram do Templo um
covil de ladrões (Mt 21,12-13); são a figueira estéril (Mt 21,18-22); não
acreditaram na autoridade de Jesus (Mt 21,23-27); eles serão preteridos pelas
prostitutas no Reino dos Céus (Mt 21,28-32); são como vinhateiros homicidas (Mt
21,33-45); não são dignos do banquete nupcial (Mt 22,1-14); dão a Cézar o que é
de Cézar, mas não a Deus o que é de Deus (Mt 22,15-22); não acreditavam em
ressurreição (Mt 22,23-33); dizem mas não fazem (Mt 23,3); os escribas e
fariseus serão sete vezes condenados (Mt 23,13-32); raça de víboras (Mt 23,33);
mataram e apedrejaram os profetas (Mt 23,37); são os chefes dos sacerdotes e dos
anciãos do povo que prenderam Jesus (Mt 26,47); são os chefes dos sacerdotes e
todo o Sinédrio que sentenciaram Jesus (Mt 26,59; 27,20; 27,41; 27,62); são
também os que corromperam os soldados com propina para o povo não crer em vida
nova (28,11-15). Todas as acusações de Mateus são também acusações políticas.
No cristianismo, religião e política são inseparáveis. Jesus teve a sorte comum
dos profetas: morre no silêncio de Deus, abandonado e desacreditado. Morreu
como preso político. Ainda assim entrega a JHWH o seu espírito. Deixou para a
história humana uma grande lição: não há ressurreição sem cruz. E também: não
se pode esperar uma boa política com base numa falsa religiosidade.
II A VOCAÇÃO POLÍTICA NAS
SOCIEDADES RELIGIOSAS E SECULARES
Há
um dado que todos nós, sacerdotes, religiosos, leigos e leigas do mundo atual, facilmente
esquecemos. Olhamos para a vida do passado com os olhos da vida presente. Não
deveríamos fazer isso, pois pode induzir-nos a grandes equívocos. A história só
pode ser julgada com fidelidade se a interpretamos dentro do contexto social da
época. O mundo secular, moderno, em que vivemos hoje é muito diferente do mundo
de alguns séculos atrás, e inteiramente diferente do mundo dos tempos bíblicos.
Isso salta aos olhos facilmente se observarmos as diferentes épocas em sua perspectiva
política. Na longínqua antiguidade, quando ainda predominava a vida tribal, o
mais comum era a política “teocrática”. As tribos se sentiam governados
diretamente por Deus ou pelas divindades. As famosas “doze tribos de Israel”,
saindo da escravidão do Egito, se sentiram assim. Seu Deus era o Deus
Libertador, JHWH, e a fé neste Deus comandava todos os aspectos de sua vida.
Nos livros de Samuel ainda percebemos claramente a rejeição, da parte de
muitos, da ideia de um rei. As tribos prezavam sua liberdade e bastavam os
profetas e juízes para se autogovernarem. Aos poucos, porém, nas sociedades
antigas, algumas tribos se tornaram muito mais fortes que outras, e as
crescentes rivalidades entre elas fez com que se agrupassem entre si, formando
alianças. Surgiram assim os pequenos reinados. Com a continuação das
rivalidades, além das dificuldades de sobrevivência, estes também se agruparam
ou então foram subjugados pelos mais fortes. Surgiram desta forma os primeiros impérios
da antiguidade. A própria Bíblia fala do império do Egito. Fala também do
império dos assírios, dos babilônios e, depois, dos persas, gregos e romanos.
Nos reinados e impérios, as antigas teocracias,
cada vez mais, se transformam nas assim chamadas “hierocracias”. Deus continua
governando, mas agora “através de” um rei ou um imperador. O rei Davi foi
claramente visto desta forma. Um dos mais conhecidos códigos de leis da
antiguidade é o famoso “Código de Hamurabi”. Hamurabi fundou o primeiro império
babilônico e, aproximadamente em 1772 a.C., fez gravar em pedra – guardada até hoje
no Museu do Louvre, em Paris - as 282 leis para uma boa convivência social em
seu império. Na pedra deixa claro que governa em nome de Deus, e que as leis
são divinas, feitas “para que o forte não prejudique o mais fraco, a fim de
proteger as viúvas e os órfãos”. O Código fala em três “classes” de pessoas: os
superiores, os comuns, e os escravos. O princípio básico da boa convivência é a
“lei do talião”, ou, como lemos na Bíblia, a lei do “olho por olho e dente por
dente”. Esta política teocrática ou hierocrática dominou a mente humana por
séculos e mais séculos. Podemos definir esta “cosmovisão teológica” como a
concepção segundo a qual Deus, ou o mundo das divindades, é, e deve ser, a
explicação e a razão de ser de todas as coisas e de todos os eventos. Jesus
assume claramente este modo de pensar. A Pilatos diz: ”Não terias poder algum
sobre mim, se não te fosse dado do alto” (Jo 19,11). Para Jesus, quem deve
governar é Deus e ninguém mais. Os profetas, especialmente Jesus, substituíram
a lei do talião pela lei do amor, exatamente porque, para Jesus, a sociedade
humana deve ser como o próprio Deus, que é Pai de puro amor e misericórdia (Lc
15). Ele vê que este “Reino de Deus” já está presente, mas é como um tesouro
escondido no campo. Só vai atrás quem descobre o seu valor (Mt 13,44-45). Jesus,
provavelmente, esperava a definitiva instauração do Reino de Deus para muito em
breve, mas a história comprovou que se trata de um processo a longo prazo.
Já nas nossas sociedades modernas,
especialmente no mundo ocidental, a concepção é radicalmente diferente. No
nosso mundo secular predomina a “cosmovisão antropológica”. Qual sua
característica? Na concepção antropológica não é mais Deus, mas é a própria
razão humana que se torna o argumento central do crer e do agir. Não que Deus
seja necessariamente negado ou descartado, mas Ele é simplesmente colocado de
lado. Creia quem quiser. Para todos os efeitos, Deus não é mais a causa
explicativa de todas as coisas e de todos os eventos. Nesta nova lógica, o
próprio ser humano com sua racionalidade será sempre o ponto de partida e o
ponto de chegada. Com este novo entendimento mudou também completamente a forma
de pensar a política. Entendeu-se que a influência das Igrejas e das religiões
deveria ser banida e que os governos devem ser laicos. Durante alguns séculos,
a briga entre as duas concepções foi muito virulenta. Na Idade Média, com a
queda do Império Romano, a Igreja Católica assumiu, espontaneamente, uma boa
parte do poder político, mas ela nem de longe convenceu a todos. A Igreja se
autoproclamava a única dona da verdade, opondo-se às ciências e à “arrogância”
da razão humana, mas ela se dividiu em muitas denominações, com inúmeras
guerras, sangrentas e intermináveis. Com o passar do tempo, as ciências se
impuseram pela própria força de sua argumentação e a Igreja teve que dar razão
a elas e reconhecer a sua autonomia. Cosmovisões, porém, expressam as dimensões
mais profundas do ser humano e sua mudança requer um longo processo histórico.
Podemos dizer que apenas no Concílio Vaticano II, a Igreja fez as pazes com as
ciências e com os governos laicos (GS 36; 76). Não cabe aos padres ou aos
religiosos em geral dirigir o processo político das sociedades. Esta é a
vocação dos leigos e das leigas (das mais diversas denominações), diz a Igreja,
hoje. Será?
III MEU
ITINERÁRIO PESSOAL, RUMO À POLÍTICA
Desde
criança (na Holanda) aprendi que o padre não deve dar sua atenção apenas à classe
abastada. Nossa vida era a da roça e não era nada fácil sobreviver de um único
alqueire de terra. Um comentário comum, nas famílias simples, era que os padres
costumavam visitar apenas as casas das famílias mais ricas. Visitar os pobres,
nem pensar. As más línguas comentavam que os padres visitavam as famílias
católicas mais pobres só quando um novo filho demorava a chegar. “Era só o
padre passar e as mulheres engravidavam”, era a brincadeira de sempre. A casa
paroquial era a mais bonita da minha aldeia, com exceção apenas da casa do
Prefeito. Quando entrei na escola dos padres verbitas (Missionários do Verbo
Divino), ainda na Holanda, já entrei com esta ideia: ser missionário é algo
legal, mas ser padre apenas das boas famílias, essa não!
Fazendo o noviciado, na Bélgica, uma
nova inspiração ocupou a minha mente e o meu coração. Eram os tempos
pré-conciliares e, na Europa em geral, se vivia um clima de grande expectativa
com relação à renovação da Igreja. As leituras espirituais oferecidas eram
bastante tradicionais e não nos satisfaziam. Lendo a Imitação de Cristo do mais afamado mestre espiritual holandês do
século XV, Thomás de Kempis (†1471), a certa altura, este afirmava que “cada
vez que saía do convento para ir ao mundo, ele voltava pior”. Pronto, era o que
menos queria. Estava me preparando para ir ao mundo, e não para fugir dele! Não
toquei mais no livro. Comecei a meditar bons livros de bons autores. Foi o que
salvou a minha vocação de padre. Quando, em 1958, minha família emigrou para o
Brasil e eu vim estudar teologia em São Paulo, um novo aprofundamento das
minhas ideias ocorreu. O Concílio trouxe novos ares à nossa formação. Continuei
lendo os bons livros dos bons autores. Entusiasmei-me com uma nova
espiritualidade, mais “engajada” se dizia então, e admirava o exemplo dos
padres franceses que foram trabalhar nas fábricas, solidarizando-se com as
lutas operárias. Também me aprofundei nas então muito faladas “reformas de
base” que o Brasil necessitava, especialmente a reforma agrária e, depois, também
a reforma urbana.
Chegando ao Vale do Ribeira, em
1965, já fui trabalhar na paróquia com a profunda convicção que a Igreja não
podia ficar presa às suas preocupações pastorais internas, mas que deveria ter
uma atenção prioritária ao mundo dos pobres e dos excluídos. Era preciso mudar
também o estilo paroquial e transformar as paróquias em verdadeiras
“comunidades de fé, culto, e caridade”, como afirmava o primeiro Plano Pastoral
da CNBB (1962/65). Uma Igreja feita de comunidades autênticas, com os leigos e
leigas assumindo sua autonomia própria. Permaneci no Vale, a região mais pobre
do estado de S. Paulo, por 16 anos, dois períodos em Iguape e um em Registro.
Depois da Conferência Episcopal Latino-americana de Medellin (1968), nossa preocupação
principal foi a organização das CEBs. Éramos todos padres e irmãs jovens e,
felizmente, super bem entrosados. Criamos a nova técnica pastoral das
“batidas”. Sem olhar divisas paroquiais, íamos em grupo – padres, irmãs e
leigos/as – a um determinado local, fazendo, durante três dias, visitas ao povo,
por onde estivesse, nas casas, nas roças ou em qualquer outro lugar. À noite
fazíamos reuniões em pequenos grupos e, na terceira noite, todos se reuniam no
mesmo lugar. O assunto era um só: o que é uma CEB?, e: vocês querem formar uma
CEB aqui neste local? Quando, em 1975, a região se transformou na atual Diocese
de Registro, sendo nomeado bispo o nosso colega, Dom Aparecido José Dias, o
trabalho continuou o mesmo. A atual Diocese de Registro talvez tenha sido a
primeira diocese brasileira inteiramente estruturada de acordo com o modelo das
Comunidades Eclesiais de Base.
Também a preocupação social era
grande, embora tivéssemos muitas dúvidas sobre a melhor forma de enfrentar os
problemas. Com a assessoria de Paulo Freire e Plínio de Arruda Sampaio fomos
dando início a cursos de alfabetização e à orientação dos agricultores, entre
outros para que ficassem firmes em suas terras. Dependendo do lugar, muitas
outras pequenas iniciativas foram feitas, mas eu achava que tudo não passava de
uma gota no oceano. Fui estudar ciências sociais em São Paulo para adquirir um
conhecimento mais amplo e descobrir novas formas de atuação pastoral. Fazer
pastoral sem enfrentamento das estruturas opressoras é complicado. Não passa de
um assistencialismo caridoso, mas infrutífero. Na minha pré-especialização em
economia entendi melhor como principalmente o sistema econômico pode ser de tal
forma opressor e dominador que um país inteiro, mesmo com as melhores políticas
possíveis, não consiga superá-lo. Uma pastoral, sem esta consciência política,
fatalmente cairá numa alienação do mundo em que vivemos. Transferido para a
periferia de São Paulo continuei, por dez anos, trabalhando em paróquias da
periferia, primeiro na Zona Leste, depois na Zona Sul. Quem se responsabiliza
por uma paróquia deve assumir a paróquia em sua totalidade, dando atenção a
todas as pastorais. Não deixei de fazer isso, mas continuei priorizando as CEBs
e as pastorais sociais, com um especial carinho pela pastoral operária e pelos
movimentos populares de saúde e moradia. Na paróquia do Valo Velho, na Zona
Sul, sempre atuando em equipe, dávamos especial atenção também ao combate à
violência, já que a nossa região, vizinha de Capão Redondo e Jd. Ângela, foi
declarada, pela ONU, “a região mais violenta do mundo”, com 110 homicídios para
cada cem mil habitantes. Dando aula de pastoral no ITESP (Instituto de
Teologia), fui elaborando melhor minha síntese. Ficou claro para mim que uma
pastoral sem perspectiva transformadora, ou política, não corresponde à
proposta de Jesus, uma vez que não abre nenhuma perspectiva para os que se
encontram à beira da estrada.
Em 1993 fui convidado a integrar a
equipe do Centro de Direitos Humanos e Educação Popular de Campo Limpo, São
Paulo (CDHEP/CL). De uma humilde Comissão de Direitos Humanos da Diocese, o
CDHEP tinha se transformado numa ONG independente, de grande destaque na
cidade. Fui responsabilizado, sempre de novo em equipe, pela formação e
dinamização das lideranças das CEBs e das Pastorais Sociais da Diocese de Campo
Limpo, então sob a direção de Dom Emílio Pignoli. Não posso enumerá-las aqui, mas foram
inúmeras as atividades desenvolvidas, dando “cursos de monitores” nas
paróquias, assessorando os eventos das pastorais sociais – em apoio aos
movimentos populares, etc. – e celebrando cultos ou missas em defesa dos
direitos humanos, ou dando apoio à “mística da luta”, como então se falava. Fui
responsabilizado também pelo Programa “Em Defesa da Vida contra a Violência”, o
mais tradicional do CDHEP. Como fruto principal deste Programa constituímos,
com grande apoio do Pe. Jaime Crowe, do Jd.Ângela, o Fórum em Defesa da Vida
que chegou a articular mais de duzentas entidades da cidade de São Paulo, das
mais simples, populares, às mais complexas e abrangentes, de nível acadêmico.
Foram muitos os Seminários, especialmente de Segurança Pública e de Educação,
obrigando as autoridades municipais e estaduais a tomarem medidas concretas em
benefício da população. Das nossas tradicionais “Caminhadas em Defesa da Vida e
da Paz”, todos os anos, chegaram a participar mais de quinze mil pessoas,
especialmente jovens. O Governador Mário Covas nos convidou a assumir o
importante “Programa Estadual de Proteção a Testemunhas” (Provita SP), visando
o combate à impunidade e à corrupção. Graças a este Programa (sigiloso), existente
até hoje, centenas dos narcotraficantes mais perigosos, além de policiais e
parlamentares corruptos, acabaram atrás das grades. Em 1999, o CDHEP, por
primeiro, após consulta a diversas entidades de renome nacional, recebeu da
Câmara Municipal de São Paulo o cobiçado “Prêmio Betinho” por ter sido “a
entidade que melhor construiu a cidadania na cidade de São Paulo no último
ano”.
CONCLUINDO: FAZER POLÍTICA É A VOCAÇÃO
DE TODOS/AS NÓS
Após
quase quarenta anos dedicados á vida paroquial e à defesa dos direitos humanos,
uma nova inquietação veio atormentar a minha mente. Cabe ao padre a tarefa de
propagar o Evangelho, pensava. Sua tarefa básica é orientar, ensinar e celebrar.
Às ONGs cabe a articulação das forças da sociedade civil para que, pela pressão
popular, as políticas públicas de fato aconteçam. Elas cobram, o que é
importante, mas não têm poder de decisão. Quem faz acontecer de verdade é a
política. Se as decisões políticas são ruins, o povo continua na desgraça. Se,
por outro lado, a política for bem feita, não apenas uma, duas ou três pessoas
se beneficiam, mas o país inteiro. Se a Igreja, com suas obras de caridade,
pode matar a fome do pobre, ela não tem o poder de acabar com a pobreza. Nem as
ONGs têm este poder. Somente a política tem o poder de decisão e pode transformar
desejos em realidade. Lembrava então a frase do papa: “a política é a forma
mais sublime da fraternidade”. Ficou pendente, contudo, um problema. Se a
política é a forma mais sublime da fraternidade, por que os padres não podem
entrar na política? Não é um pouco estranho que, na Igreja Católica, os padres
não podem exercer a forma mais sublime da fraternidade? E, em especial, os
homens e as mulheres que optam pela Vida Religiosa Ativa, uma das expressões
mais profundas da fé, por que barrar para eles ou para elas uma participação
mais ativa na política se esta ocupa um lugar tão central no exercício da
fraternidade?
É evidente que, por trás da
proibição, não está algum princípio evangélico, uma vez que este simplesmente
não existe. Trata-se de uma questão meramente disciplinar e esta, aliás, não é
inteiramente sem sentido. Depois da minha passagem pelo CDHEP, exerci, em
Holambra SP, de 2001 a 2008, o cargo de vereador. Um cargo político assumido
por estar profundamente convencido de sua importância para a vida cristã e de
sua especial relevância para a Vida Religiosa. Pude exercer o cargo com
dignidade, honestidade, e colhendo diversos frutos importantes para a população,
mas devo reconhecer que não deixa de ser também um grande desafio. É complicado
o padre se dirigir ao público em geral sendo conhecido pela sua cor partidária.
Por outro lado, acho importante alguns religiosos e religiosas marcarem
presença na política, exatamente para testemunharem ao mundo que uma política
sem respeito à religiosidade humana levará a humanidade à desgraça. A
disciplina poderia ser mais flexível, abrindo espaço para exceções, ou exigir
do padre que se licenciasse temporariamente de sua função pastoral.
Nos países de cultura ocidental, os
governos, hoje, costumam ser laicos, com forte tendência para eliminar ou
marginalizar a influência das Igrejas e das religiões. De fato, um certo
fundamentalismo é inevitável cada vez que um grupo religioso quer governar “em
nome de Deus”. As facções e divergências internas serão combatidas a ferro e
fogo. Mas, como o Reino de Deus pode se estabelecer na terra, como Jesus pediu,
se os governos são laicos, e até anti-religiosos? É possível desde que os
governos laicos se deixem guiar não pelos ditames desta ou daquela religião,
mas pela espiritualidade e pelas convicções mais profundas que são comuns a
todas as religiões. Isso não é nada impossível, e até me parece que o mundo
está caminhando nesta direção. As massas populares na rua, por toda parte,
mostram claramente o fracasso das democracias ocidentais. Da brasileira também.
O sistema financeiro, globalizado e sem ética, tomou conta da política. É
preciso criar algo novo. Cabe a todos nós, religiosos e religiosas, leigos e
leigas, entrar na luta por uma política com ética, e com respeito à
religiosidade humana. Por mais que o momento atual possa deprimir, as
perspectivas de futuro são boas. A teologia que, hoje, mais chama a atenção do
mundo atual é aquela que une a teologia da libertação com a teologia do chamado
“pluralismo religioso”. Procure informar-se a respeito. Os livros estão
disponíveis. O conhecido teólogo alemão, Hans Küng, disse recentemente: “se houver
paz entre as religiões, haverá paz no mundo”. Será a luz no fim do túnel? Só se
todos nós mantermos nossas velas acesas. Nossa vocação não é a sacristia, mas o
mundo. Devemos ser a luz do mundo. Não foi isso que Jesus falou?
Minha mais recente atuação pastoral
foi na paróquia Santo Arnaldo Janssen, em Diadema. Já notei aí, claramente, a
característica da nossa Igreja nas últimas décadas: um forte afastamento, ou
então, desinteresse pelas CEBs e pelas Pastorais Sociais, especialmente por
parte de padres e bispos. Não é somente falta de boa vontade. Na prática, porém,
não é nada fácil manter certas prioridades quando o contexto geral não ajuda. Está
muito difícil, hoje, manter o embalo de décadas atrás. Ainda assim, é possível
quando padres e leigos se unem, com consciência e dedicação. Hoje, as CEBs e as
Pastorais Sociais ainda conseguem atuar com consistência, mas, normalmente,
apenas a nível regional, estadual ou nacional. O grande desafio, neste momento,
é fazer acontecer a nível local. Por isso criamos, em Diadema, um pequeno
“fórum de entidades”, limitado à Região Norte do Município. No decorrer dos
últimos sete anos, os representantes de aproximadamente trinta entidades, de
forma suprapartidária e suprarreligiosa, vêm se reunindo todo mês para tratar
dos problemas comuns da população. Seminários bem preparados, com pesquisa e
tudo, foram realizados nas áreas de saúde, meio ambiente, segurança pública e
educação. Nestes momentos fortes, toda a população é convidada e houve, em
geral, ótima participação. As autoridades municipais e estaduais não deixaram
de comparecer. Em todas as ocasiões, o povo apresentou as suas propostas com
muita firmeza. Também as “caminhadas ecológicas” foram feitas todos os anos. Se
funcionou entre nós, pode funcionar em qualquer lugar. Basta haver padres e
leigos que assumam sua vocação cristã, que é religiosa e política ao mesmo
tempo. Ainda somos o sal da terra? Jesus disse: “Se o sal se tornar insosso,
com que o salgaremos? Para nada mais serve, senão para ser lançado fora e
pisado pelos homens” (Mt 5,13).
QUESTÕES PARA DEBATE EM GRUPO
1. O
“profetismo” perpassa todas as páginas da Bíblia. O que significa ser
“profeta”, na Bíblia, e nos dias de hoje?
2. Quando
Jesus falava do “Reino de Deus”, em que, concretamente, ele pensava?
3. A
vocação cristã é uma vocação política. Como entender isso?
4. Religião
não tem nada a ver com política, dizem muitos. O que você acha?
BIBLIOGRAFIA
1) Para
saber mais sobre o “profetisno”, expresso na Bíblia, leia: Dom Sebastião
Armando Gameleira Soares, Curso de Verão
Ano XXIX: Economia, promotora dos Direitos Humanos e ambientais, São Paulo:
Paulus, 2015, p. 59-115.
2) Para
saber mais sobre as diferentes concepções políticas nas sociedades religiosas,
e nas seculares, leia: Nicolau João Bakker, Vida
Pastoral, maio/junho 2011: A Pastoral em Novas Perspectivas (I) – Introdução ao
tema, p. 8-23; Vida Pastoral, julho/agosto 2011: A Pastoral em Novas
Perspectivas (II) – Cosmovisão Ecológica e perspectivas pastorais, p. 5-15;
Vida Pastoral, nov./dez. 2011: A Pastoral em Novas Perspectivas (III) –
Espiritualidade ecológica e perspectivas pastorais, p. 21-35; Vida Pastoral,
jan./fev. 2012: A Pastoral em Novas Perspectivas (IV) – Perspectiva
político-ecológica e perspectivas pastorais, p. 10-23. Para maior
aprofundamento, veja a bibliografia indicada nos artigos.
3) Para
saber mais sobre a união entre a teologia da libertação e a do pluralismo
religioso, leia a série de cinco livros “Pelos muitos Caminhos de Deus”, de
iniciativa da ASETT / EATWOT (Associação Ecumênica de Teólogos/as do Terceiro
Mundo / Ecumenical Association of Third World Theologians), sob coordenação de
José Maria Vigil, Luiza Tomita e Marcelo Barros: Vol. I: Pelos muitos Caminhos de Deus: Desafios do Pluralismo Religioso à
Teologia da Libertação, Goiás: Ed. Rede, 2003; Vol. II: Pluralismo e Libertação: Por uma Teologia
Latino-americana pluralista a partir da Fé Cristã, São Paulo: Ed. Loyola,
2004; Vol. III: Teologia Latino-americana
pluralista da Libertação, São Paulo: Ed. Paulinas, 2006; Vol. IV: Teologia Pluralista Libertadora
Intercontinental, São Paulo: Ed. Paulinas, 2007; Vol. V: Por uma Teologia Planetária, São Paulo:
Ed. Paulinas, 2016.